quinta-feira, dezembro 18, 2008

Se os preços das casas continuarem a cair...

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Imaginem que os preços das casas em Portugal vão continuar a cair...que depois de terem caído já 5% este ano (até finais de Setembro de 2008) a queda vai continuar ao longo de 2009.

Afinal com uma recessão económica, não necessariamente profunda, de cariz duradouro (3 ou 4 trimestres consecutivos, por exemplo), que entre por meados de 2009 a dentro, teremos um aumento do desemprego.

Ninguém no seu perfeito juízo acredita na taxa oficial de desemprego do governo propaganda PS...esta nas está nas imediações de 7% mas em pouco mais de 10% como o estudo do economista Eugénio Rosa o demonstra. Poderá subir até mais 2 pontos percentuais nos próximos doze meses.

Mas o desemprego, ou a ameaça dele, condiciona os comportamentos de compra (as intenções de aquisição) dos bens duradouros. Mais que o rendimento disponível actual, é a expectativa (o valor esperado futuro) do rendimento futuro que condiciona os consumos actuais. Milton Friedman demonstrou-o há mais de quarenta anos (e esqueça o facto de ele ser o ideólogo da escola de Chicago; antes disso foi o mais notável economista da sua geração e por isso recebeu o Prémio Novel da Economia).

Menos procura (e o facto das taxas euribor estarem a baixar nada adianta, porque as pessoas perceberam quão voláteis estas são...) implicará que os preços vão cair mais...

Imaginem um cenário moderamente razoável, em que os preços das casas caem mais 5 a 10% nos próximos meses. Com o desemprego a aumentar (e com o incrível número de divórcios, outra grande machadada na capacidade dos portugueses honrarem os seus compromissos financeiros).

O valor das casas a cair. Os incumprimentos dos créditos à habitação a aumentarem. O que pensam os leitores que irá acontecer aos bancos médios, operantes em Portugal, que se especializaram historicamente nos mercados do crédito à habitação e à construção?...Alvíssaras a quem nos disser...

1 comentário:

Zé Herculano disse...

Provavelmente levam um bail-out do governo, que ainda acredita que sabe onde carregar para compor as coisas. A ideia já velhinha de que estamos perante sistemas inerentemente caóticos (no sentido matemático), e que intervenções após os tipping-points têm a cientificidade das apostas na roleta ainda não lhes chegou à, digamos limitada, cabeça.
Zé Herculano