sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Publicidade na RTP?

A propósito de um desafio lançado pelo blogue Do Fundo da Comunicação, aqui vai o meu singelo contributo para este tema:

O argumento a favor de publicidade ou não esquece uma premissa importante, a que importa responder.

Para que serve a RTP? Vamos supor, que as suas metas poderão ser, por ordem decrescente de importância, algo deste género:

- 1) assegurar a coesão nacional, divulgando e promovendo a língua, os hábitos, costumes, cultura e modos de vida portugueses (o que implica um reforço da programação nacional);

- 2) servir de promotor da imagem de Portugal nos países e mercados de língua portuguesa (incluindo as comunidades de emigrantes);

- 3) auxiliar na promoção da imagem de Portugal juntos dos principais mercados emissores de turistas e parceiros comerciais de Portugal.

Para atingir estes desideratos, a publicidade também pode representar uma certa imagem de Portugal e de suas empresas, influentes para atingir as metas 2 e 3.

Por outro lado, para atingir a meta 1), a mais importante, a publicidade tem também um papel, conquanto secundário, mas importante. De facto, se limitada temporalmente (4 a 5 minutos por hora) a capacidade de atrair publicidade é também uma medida da popularidade dos conteúdos e dos programas emitidos. Acreditamos que o mercado, provavelmente não exclusivamente, também é um bom aferidor da qualidade de programação (um conselho de sábios ou algo equivalente, também por ser um bom input).

Ou seja, a publicidade em dose moderada serve para:

- ajudar a aferir a qualidade da programação;

- co financiar a RTP;

- promover empresas e marcas portuguesas em mercados estrangeiros.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Profissionais bem sucedidos e o marketing multi nível

Nestes últimos três meses recebemos pedidos de aconselhamento de jovens (e não tão jovens) profissionais que queriam saber a minha opinião sobre a sua adesão à rede multinível denominada AGEL.

Relembre-se que no Verão de 2007 o suplemento de Economia do jornal Expresso dedicou-lhe um artigo, não demasiado abonatório.

Mas julgo que importa lançar alguma luz sobre o que está em causa:

- o Marketing multinível é algo de muito antigo;
- apesar de todas as organizações que o praticam mencionarem que desta vez são diferentes, que os outros não são tão sérios, ou que o produto que se propõe comercializar é único, distintivo, etc, etc.
- rainbow (aspiradores), amway, herbalife, são as mais conhecidas em Portugal.
- todas estas empresas assentam naquilo que se chama o círculo quente, ou seja, os familiares e amigos do "vendedor", eufemisticamente denominado "associado", "membro" ou algo equivalente. Familiares e amigos aos quais os "associados" da organização vão vender algum produto;
- tipicamente trata-se de um produto que requer algum esforço de persuasão pessoal e que as pessoas não se lembrariam de comprar de outra forma;
- mais complexo, ainda, requer que o "associado" use a sua rede quente para promover o produto ou serviço. E use, acima de tudo, a sua reputação.

- claro que vender ao círculo quente de alguém é mais fácil (ao tio, padrinho, madrinha, irmãos, cunhada, etc) do que vender aos estranhos; e isso releva que nas organizações de marketing multinível apenas sobrevivem as pessoas que conseguem vender produtos que não são de primeira necessidade a estranhos;
- algo difícil, muito difícil,...provavelmente menos de uma pessoa em cada mil consegue manter-se na operação multinível passados 6 meses...esgotada que foi o círculo de pessoas que lhe compraram o produto, mesmo não precisando dele, por amizade.

Portanto, se alguém não tiver mais nada que fazer a sua reputação e contactos próximos do que vender um produto de terceiros, mais a mais relativamente inútil e caro...avance...mas o seu tempo e reputação é que estarão em jogo...da próxima vez, se e quando tiver algo seu que gostaria de vender - e não um produto de terceiros - que pode ser um novo projecto empresarial - como acha que vai estar a sua reputação?

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

A Oriente...o sol nascente! Terra de oportunidades?


A Oriente… o sol nascente! Terra de oportunidades?

Conquanto menos na moda que a China, o Japão está culturalmente mais preparado para o ‘made in Portugal’.

Paulo Gonçalves Marcos

Há vários anos que os mais prestigiados economistas portugueses apontam o caminho das exportações como a chave para o desenvolvimento económico de Portugal. Como forma de ganhar a escala que falta internamente. E com a exigência acrescida que a presença em mercados externos obriga, impulsionando as empresas a serem mais produtivas, adoptando as ferramentas de produção e de gestão mais eficientes. Na esteira do que têm vindo a fazer os Tigres do Sudoeste Asiático, nações que passaram as últimas três décadas a apostar na conquista de quota nos mercados internacionais. E cujos resultados foram assaz superiores aos dos países com uma abordagem mais focada na substituição de importações. Mas não basta o esforço, importante, de ser mais eficiente, ou seja, produzir e vender nos mercados internacionais com os menores custos possíveis. Importa também escolher os mercados e os países onde os produtos portugueses sejam susceptíveis de serem comercializados com maior eficácia. Onde a imagem de Portugal seja uma mais-valia, susceptível de adicionar valor aos nossos produtos e serviços. Onde as associações à marca Portugal permitam às empresas e profissionais portugueses desfrutarem de uma imagem de origem susceptível de permitir um posicionamento “Premium”. Agora, imagine o leitor, um mercado com mais de cem milhões de habitantes, quatro quintos dos quais concentrados numa faixa geográfica com pouco mais do dobro da área de Portugal. Com excelentes acessibilidades, uma só língua, um sistema legal e jurídico estabilizado e assente no primado da lei. Onde os direitos de propriedade são respeitados. Com um produto ‘per capita’ que é o segundo do mundo e cuja economia é a terceira em dimensão. Com uma espantosa coesão social, cultural e linguística, ímpar em países do primeiro mundo. Uma sociedade onde os cidadãos são consumidores exigentes, amantes do luxo, das marcas e do que é europeu, clássico e de bom gosto. Onde as principais marcas de luxo, como vestuário, bebidas, acessórios, jóias, entre outras, não raro encontram no país o seu mais importante mercado. Trata-se de um país asiático, continente onde Portugal é desconhecido ou de reputação menos que aspiracional. Para além de Timor e Macau, potencialmente interessantes mas minúsculos mercados, a percepção de Portugal, na Ásia, quando existe, surge invariavelmente associada a uma velha e decadente potência colonial, teimosa, obsoleta e desagradavelmente belicosa. Cuja crueldade e militarismo só encontraram equivalência nas hordas mongóis de GengisCã ou turco-mongóis de Tamerlão. Uma notável excepção emerge, contudo, no distante, mas em acelerado crescimento, continente asiático. O tal mercado que começamos por fazer alusão no início desta coluna. O Japão. De nós, o país do Sol Nascente retém o bolo nacional (derivado do pão-de-ló português), um conjunto significativo de vocábulos, a percepção de que fomos os primeiros ocidentais a chegar a tão distintas paragens. Mais importante, que foi a tecnologia portuguesa das armas de fogo, rapidamente copiada por aquelas paragens, que permitiu a consolidação do poder central e o fim do feudalismo, marcando uma alteração substancial na sociedade e história japonesas. Os portugueses, audazes, corajosos, ambiciosos e dotados de uma tecnologia superior. É isto que as crianças japonesas aprendem na escola, ainda nos dias de hoje. Ou seja, conquanto menos na moda que a China, o Japão está culturalmente mais preparado para o “made in Portugal”. E valoriza-nos deveras mais que o “Império do Meio”. Para quem comprar português, de excelente qualidade, é um acto de cultura e de sofisticação. E com uma população afluente, capaz de pagar um “Premium Price” nos nossos produtos e serviços. Numa época em que nações e empresas percebem que têm que segmentar e seleccionar mercados, o Japão terá que ser prioritário…Não acha também o leitor?

www.antonuco.blogspot.com
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Paulo Gonçalves Marcos, Economista, gestor de empresas e professor universitário

Comentários
AB (antonio_burnay@yahoo.co.jp)
Excelente artigo! Os japoneses gostam de passar despercebidos e trabalhar (bem!) pela calada. Em Portugal conseguem-no facilmente: não há notícias sobre o Japão, os empresários nem pensam no Japão e o próprio ICEP não considera o Japão um mercado prioritário (recentemente até subalternizou a delegação de Tóquio, colocando-a sob a de Singapura). Dada a dimensão da Economia japonesa e o volume de negócios entre a UE e o Japão, pode dizer-se que não há exportações de Portugal para o Japão! Como Portugal é uma Economia de pouca importância, e o ICEP subalternizou a delegação de Tóquio, não admira que a JETRO tenha encerrado a delegação de Lisboa. O extraordinário nisto é que o Japão é a 2ª potência mundial (o texto considera a UE como um todo e, por isso relega o Japão para 3º lugar, mas a UE como um todo ainda não existe...). Agora está na moda a China, e também aqui. O Japão é o maior investidor na China. Todavia, o objectivo é produzir barato, muito mais do que conquistar um mercado ainda pequeno, com uma dimensão prática equiparável ao espanhol ou, até, ao brasileiro. O PIB chinês (hoje metade do japonês) deverá atingir o japonês entre 2020 e 2022, mas o PIB per capita nunca será equiparável antes de 2070 ou 2080 (e partindo do princípio que a China mantém infinitamente o actual crescimento e que o Japão não cresce mais do que 1,5% ao ano – é isto crível?).
AB (cont.) (antonio_burnay@yahoo.co.jp)
Mas, mais do que isso, no Japão há vantagens que não se encontram na China, e em mais lado nenhum! Por exemplo: - não há dívidas a fornedores (ponto de honra tal que não cumprir leva ao suicídio). Não é isto de enorme valor? - é um mercado com regras claras, honesto, previsível e de com grandes ganhos. - é fiel às marcas estrangeiras de confiança. Não é isto utilíssimo nos tempos de crise? - pela qualidade, sofisticação e exigência, vender no Japão traz prestígio internacional. - os Japoneses “adoram” os portugueses e sentem-se ligados a nós pela história e cultura. A imagem de Portugal é positiva. Acontece isto noutro país desenvolvido? E há a dimensão. São 127 milhões (e não 100 como é dito no texto) de habitantes com elevadíssimo poder de compra e o mais uniformemente distribuído em todo o mundo. Nalguns sectores, a potência é enorme. Por exemplo, na área alimentar referida no texto, o mercado japonês tem a dimensão do espanhol, francês e alemão somados. Aos empresários, parafraseando o presidente Kennedy, antes de perguntarem o que Portugal pode fazer por vós, perguntem-se o que podem fazer por Portugal. Em vez do lamento permanente, das críticas ao desnorte governativo do país e à obcessão com mercados pequenos, instáveis e que trazem pouca margem, porque é que os empresários não apostam (também) no Japão?
Paulo Marcos (paulo.marcos@marketinginovador.com)
Meu caro leitor António A minha menção é aos mais de 100 milhões de japoneses e nunca a um número exacto. Aliás, para ser preciso, são 126.7 milhões de acordo com as estatísticas demográficas nipónicas. Mas julgo que o importante era dar uma dimensão aproximada para a percepção dos leitores.
Duarte Costa (costa_duarte@hotmail.com)
Caro Professor, gostei muito de ler o seu artigo em relação a mercados orientais, e eu gostava so de fazer um pequeno comentário.Do Japão eu conheço pouco, mas desse pouco, este seria certamente um pais onde eu investiria certamente pois apresenta um nivel de crescimento muito superior a Europa e Estados Unidos, apesar de eu ter já vivido nos E.Unidos 2 anos, o japão seria o pais indicado. Sei pouco sobre ele mas a sua cultura cativa-me e eu penso que com um pouco mais de informação e divulgação sobre o seu mercado, os investidores portugueses apostariam forte neste país. Teriamos mais produtos no oriente "made in Portugal" se não houvesse tanto a moda "China".
vg
Não duvido que com este entusiamo ,o autor já deve ter participado em muitas exportações para o Japão.Como por exemplo...?
Aeof
A questão cultural sem dúvida que é uma situação determinante e os países que nos conhecem historicamente têm uma imagem de nós, o que nos permite alguma vantagem. Ao contrário do que crê o articulista, a visão de um Portugal belicoso e arrogante está mais enraizada em países como o Brasil que propriamente na China ou no Japão. No entanto, estou de acordo com o articulista quando diz que temos mais futuro no Japão. Se queremos incrementar o valor da nossa economia, com 10M de habitantes, em que podemos ser selectivos no que fazemos (ex: Luxemburgo ou Suiça), passa por economias com grande poder de compra. O Japão!
João Tiago Calqueiro (joaotiago_calqueiro@hotmail.com)
Caro Professor, antes de mais felicita-lo pelo modo simples e estruturado como apresenta as razões que podem pôr os managers e os gestores a pensar. A verdade é que o tecido empresarial português é na sua grande maioria constituida por PME's.Assim é uma pequena parte das empresas que pode entrar no mercado japonês, o que por outro lado poderá fortalecer a imagem "premium" dos produtos portugueses, como por exemplo tem vindo a fazer a Renvova. Quando uma empresa analisa o mercado e faz a sua análise (análise SWOT, por exemplo),tem em contas as características sociais. Perante tal acessibilidade à marca Portugal(que recentemente tanto tem sido promovida, com recurso aos maiores expoentes mediáticos do nosso país) não será de ponderar o investimento neste mercado?Será o receio e a aversão ao risco um problema dos nossos gestores?um artigo a ser lido e annalisado por que tem poder de decisão nas empresas
André Dias Pereira
Prof. Paulo G. Marcos, Venho por este meio saudar o excelente artigo que publicou hoje no Diário Económico sobre o Japão. Sou Assistente da Faculdade de Direito de Coimbra e tenho fortes ligações familiares a académcias ao Japão e concordo inteiramente com a sua opinião. Aquele seria um mercado extraordinário para os produtos portugueses de qualidade. André Dias Pereira andreper@fd.uc.pt
Paulo Marcos (paulo.marcos@marketinginovador.com)
Um reparo ao comentário do leitor "AEOF" A imagem de Portugal no Japão não é a de uma entidade belicosa. Na China e na Índia, contudo, sim.
Fernando Marques Fonseca de Almeida
Uma das mais valias de um jornal de referência é o facto de ter uma série de colunistas e de opinadores que ajudem a pensar para além do óbvio. O que é o caso desta coluna. Pena que a sua periodicidade não seja mais frequente. Ganhariam os leitores e o jornal.Decerto.
Francisco Gomes (franciscojggomes@hotmail.com)
Caro Professor, parabéns por um artigo, que é no mínimo muito elucidativo, o facto de o Japão ser uma economia impar em termos de tamanho, eu já sabia, e acho que a maioria dos leitores já sabia com certeza. No entanto o facto da imagem Portuguesa no mercado (gigante) do Japão, ser tão positiva, é realmente algo que eu desconhecia, e penso não estar sozinho. È, no entanto, uma mais valia, e o seu conhecimento é da maior importância para qualquer investidor português

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Marketing Inovador: a capa


À venda nas melhorias livrarias de Portugal: Fnac, Bertrand, Bulhosa, Almedina, Oficina dos Livros, Católica, Lusíada, Editorial Notícias...

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Prius: um caso de amor americano?

O Toyota Prius é um autêntico best seller nos EUA. Caso único? A paixão pelos híbridos anda arredada da Europa?

A capitalização do BCP e do BES tão semelhantes...

Quem haveria de dizer que as capitalizações do BCP e do BES estariam tão perto uma da outra...

OBAMA em crescendo

O clã Clinton está a ficar assustado...A mudança na chefe de campanha, ocorrida ontem, após os três desaires em outras tantas primárias, é um bom indício.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Um artigo provocador de Paulo Pinho

No Diário Económico de hoje. Inteligente, provocador, como sempre.
Paulo Pinho, professor da Universidade Nova, a propósito da eficiência do sistema financeiro.