Mentistes descaradamente quando prometeste não aumentar os impostos. Quando dissestes no debate com Santana Lopes que não seria necessário aumentar a idade de reforma. Vou-te cobrar por isso quando chegar a altura.
Mas foste bravo em segurar o teu ministro da finanças, um particular amigo meu. Não deve ser fácil. Bravura também quando resolveste ignorar o teu eleitorado, o partido dos funcionários públicos.
Quando duma penada incorreste na ira de quase todos os teus eleitores: os polícias, os professores, os médicos, os enfermeiros.
Quando deste o exemplo cortando as sinecuras dos representantes do povo.
Estranhamente tiveste tanto trabalho e coragem mas ainda nada disseste sobre o que se segue:
- que vais proceder á captação de receitas extraordinárias;
- que lá para o final da legislatura vais introduzir portagens em mais de metade das Scut´s;
- que vais ter que cortar nas prestações sociais, nomeadamente no subsídio de desemprego e de doença;
- que vais ter que deixar que o sector cooperativo, concordatário e privado concorra em quase igualdade de circunstâncias no ensino superior;
- que vais emagrecer o orçamento das universidades públicas;
- que vais tornar a aumentar os impostos;
Em suma, que provavelmente a contestação social que enfrentas é apenas a ponta do iceberg do que te espera... mas que as medidas que agora tomas apenas são paliativos que não deverão ser suficientes para salvar o Estado Social. Que Marcelo Caetano primeiro, Vasco Gonçalves depois, Cavado Silva em especial e Guterres/Ferro Rodrigues construiram.
Que tal como tens tido coragem para estes combates em defesa dos teus paliativos, pena é que tenhas recorrido ao estilo "coelhone", trauliteiro, rasteiro, para lançar a questão de novo referendo sobre o aborto por alturas das presidenciais. É foleiro, desrespeitador do povo. Mas vais embaraçar Cavaco. Que te vai pagar, demitindo-te um ano depois de tomar posse como presidente. Porquê Sócrates não usares a tua cabeça e livrares-te da "tralha guterrista" de vez?