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quinta-feira, outubro 20, 2011
Cavaco tonto ou partidariamente alinhado?
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Dizia Carlos César que Cavaco tinha sido o presidente da República mais partidariamente alinhado desde o 25 de Abril....coisa que discordo completamente...basta lembrar Mário Soares ou mesmo Sampaio que só decepou o governo Santana Lopes quando o PS teve o seu líder também mediático e não exposto ao caso Casa Pia (Ferro Rodrigues estava demasiado chamuscado, pareceu-me).
Mas enfim, a beleza da democracia é que as opiniões são livres, desde que não ofensivas ou mentirosas. E a César o que é de César.
Ontem, Cavaco veio dizer que os cortes nos subsídios dos reformados podem ter ultrapassado o intolerável. Talvez seja verdade. Mas Cavaco, aquele que abriu a porta ao monstro do estado gordo e insansiável....tem obrigação de saber que não há dinheiro, literalmente, para pagar os salários, as pensões e os outros encargos sociais....literalmente quer dizer isso mesmo.
Portanto não se antevê melhor solução do que cortar no cerne do monstro gordo...na despesa directa do estado. Pena que tenhamos chegado a este estado de coisas....mas estamos totalmente dependentes dos nossos credores para poder pagar salários, importar comida ou gasóleo....a tarefa deste governo terá que ser a da recuperação da independência nacional....voltámos a 1580...desta vez talvez com opção de a recuperar antes de terem passado 60 anos...talvez...
Vejamos o que já foi feito:
- incumprimento para com os credores internos: funcionários públicos no activo, reformados e pensionistas
O que ainda pode ser feito:
- incumprimento para com as entidades empresariais das parcerias-público-privadas, mormente rodoviárias: alongando prazos de pagamento, baixando as taxas de remuneração, etc. Em síntese, passar de taxas internas de rendibilidade destes projectos de 10-11% para qualquer coisa na casa dos 5%.
Finalmente, a última medida que nos deverá levar à vertigem e ao um provável descalabro: incumprir para com os credores externos (aqueles de quem agora dependemos).
Qualquer incumprimento é lamentável pela falta de honra que acarreta. Acontece que dentro do mal, há graus relativos....é melhor e mais fácil, apesar de tudo, incumprir para com os credores internos (os principais beneficiados com o desvario dos últimos 36 anos) que com os credores externos.
Eu tenho pena que tenhamos chegado até aqui. Que a "malta" só agora esteja indignada e revoltada....quando tiveram 36 anos para o fazer....era elementar que não poderíamos viver 36 acima das nossas capacidades....que não poderíamos aumentar os investimentos públicos sem fim...que os direitos sociais fossem em crescendo....tenho pena que a "malta" soubesse mais sobre programas de televisão e seus personagens, fosse perita em telenovelas e em futebol, soubesse tudo sobre automóveis e seus desempenhos e POUCOS, muito poucos, se tenham dedicado a estudar ou a pensar em simples e elementares princípios económicos e financeiros....quem entre os portugueses percebe os conceitos financeiros mais básicos?
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