Benfica - 1- Liverpool - 0
Difícil face à qualidade do campeão europeu. Sólido a defender. Impenetrável na primeira parte.
Boas opções de Koeman, com Leo imperial, Karagounis parecendo um João Alves/Valdo/Rui Costa.
Belo!...
Lutamos por uma banca saudável e solidária. Lideramos o melhor sistema de saúde em Portugal. Gostamos de coisas boas e com estilo. De produtos e serviços únicos. De pessoas com convicções e de uma boa conversa. De vinhos bons, que não têm que ser caros. Gostamos do ar livre, do mar e do sol. Do design e boa arquitectura. Achamos que a Economia, Política e a Fé (seja lá o que isso for) fazem o mundo girar. Adoramos o Benfica. Amamos os nossos filhos.
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
O amor e as Marcas
O futuro das marcas está no amorAo contrário do que se possa pensar, as marcas não são detidas pelas empresas, mas sim pelas pessoas. Transformar uma marca numa "lovemark", ou seja, conferindo-lhe um forte cariz emocional, é um imperativo para o CEO da Saatchi & Saatchi, Kevin Roberts que, em entrevista exclusiva ao PortalExecutivo explica, entre outros temas, por que motivo o envolvimento emocional com uma marca é imprescindível para o seu sucesso POR HELENA OLIVEIRAQuais são as principais medidas que uma empresa deve tomar para transformar uma marca numa "lovemark"?Pense no respeito, na confiança e na performance como uma plataforma insubstituível, um bilhete para viajar, uma aposta numa mesa de jogo. Estes atributos de uma marca permitem-lhe fazer girar a roda do comércio. Mas não o farão ganhar o jogo. Para atingir o nível seguinte é necessário ir mais longe do que a razão. Mistério, sensualidade e intimidade são três termos com os quais não se cruzará numa escola de negócios ou de marketing. Estas ligações emocionais são fundamentais para melhorar as vidas das pessoas. Ponha-as a funcionar, em qualquer espaço, e é possível inspirar o retorno fundamental em termos de envolvimento, ou seja, o amor. Elas são elevadas da condição de insubstituíveis para o estado de irresistíveis. Mistério para estabelecer ligações entre histórias, metáforas, sonhos e símbolos. Onde o passado, o presente e o futuro se transformam num só. A maioria das marcas oprime o Mistério com demasiada informação. As pessoas são cativadas por aquilo que não conhecem. Quando sabemos tudo, não resta nada para ser aprendido. Sem mistério e surpresas, os relacionamentos – e as pessoas neles envolvidas – ficam cansadas. A Sensualidade é um portal para as emoções. A visão, a audição, o olfacto, o toque e o gosto determinam todos os nossos pensamentos e sentimentos. E é assim que experimentamos o mundo. Quando os nossos sentidos são despertados em uníssono, os resultados são inesquecíveis. Intimidade. A complexa arte de estar perto da família, dos parceiros, dos clientes e dos consumidores, sem impormos a nossa presença. Empatia, empenho e paixão. As ligações íntimas que resultam numa lealdade eterna.
Acredita realmente que vivemos numa era de transição para o "consumidor inspiracional"? Qual é a sua missão?A transição já terminou. Vivemos na República do Consumidor. E quem a preside é o Consumidor "inspiracional", que detém o seu controlo absoluto. Em casa, online, em viagem, na loja, as pessoas que amam uma marca possuem o poder de a fazer crescer exponencialmente. Os exemplos estão em todo o lado. Olhemos para os jogadores, designers, bloggers e vloggers – a auto-estrada da informação está a transformar-se numa auto-estrada da produção. Nos novos anúncios norte-americanos sobre baseball, os fãs são as estrelas. Para acompanhar o ritmo da Toyota, Detroit está a delegar o design aos "Consumidores Inspiracionais". Empresas líderes estão a optar pela inovação do mercado livre, extraindo o poder de ideias provenientes do exterior. A Procter & Gamble, por exemplo, um líder global, está a refinar a sua pesquisa e desenvolvimento para "ligar e desenvolver". A missão do "consumidor inspiracional"? Fazer do mundo um lugar melhor.
Afirmou que a ideia de que são os consumidores, e não as empresas, os proprietários das "lovemarks" é algo fundamental. De que forma é que uma empresa pode lidar com este tipo de afirmação?Não deve lidar com ela. Deve abraçá-la. Vivê-la. Mostrá-la. O amor não pode ser comandado. Tem de ser oferecido. Recordemo-nos da altura em que a Coca-Cola lançou a New Coke. O que aconteceu? As pessoas disseram, "Não é possível fazerem isto. A Coca-Cola é nossa! Não queremos saber se esta nova sabe melhor que a Pepsi; esta é a nossa marca. A Coca-cola pertence-nos a nós, e não a vocês. O que é que vocês, idiotas, estão a pensar?
No mundo extremamente competitivo em que vivemos, quais são os maiores problemas enfrentados por uma marca?O assassino em série das marcas é a "comoditização", a erosão das distinções, a imitação rápida da inovação e os standards elevados da performance de produtos. A resposta a esta dinâmica tem sido intensificada e têm sido efectuados esforços frenéticos para uma diferenciação e, quando tudo o resto falha, compra-se a concorrência. A "comoditização" está a sugar a vida das marcas. Hoje em dia os "snacks" são estaladiços, os carros "pegam" à primeira e a cerveja é gelada. Ou seja, as marcas precisam de criar lealdade para além da razão. Nos tempos bons, este atributo torná-las-á imparáveis. Em tempos difíceis, permitir-lhes-á manter a cabeça à tona de água – tomemos como exemplo Steve Jobs da Apple.
É defensor da ideia que o rejuvenescimento das marcas deve ser feito através do poder do amor e que a responsabilidade de um negócio é preencher umas das suas funções-chave: fazer do mundo um local melhor. Como a RSE [Responsabilidade Social das Empresas] é um conceito muito "na moda" na actualidade, o que devem as empresas fazer para preencher essa função em particular?A responsabilidade social das empresas (RSE) é apenas a linha de partida. Vivemos num mundo cada vez mais "encolhido". A acção responsável é monitorizada todos os dias por milhões de ligações computorizadas remotas. Se você não está a fazer o que é correcto, está fora do negócio. A RSE tem de ir muito mais além do que o mero retorno do investimento. Para fazer a diferença, para acelerar o caminho para as "lovemarks", é necessário um retorno do envolvimento. E isto diz respeito a mudar vidas, a transformar sonhos em realidade. A função de uma empresa é fazer do mundo um lugar melhor para toda a gente. Através do fornecimento de empregos, de escolhas, de oportunidades e, especialmente, de auto-estima. Acima de tudo, através do poder de ideias que possam mudar o mundo. Pode ser o projecto de Nicholas Negroponte de oferecer um computador a 100 dólares para os países em desenvolvimento. Ou o carro Prius amigo do ambiente da Toyota. Ou a transformação dos trabalhos domésticos em experiências fantásticas protagonizadas pela Procter & Gamble. O mantra da P&G diz tudo: toque as vidas; melhore o mundo. Não existe qualquer limite para o número de possibilidades que uma empresa tem ao seu dispor para fazer uma diferença positiva. O que interessa é o sonho e algo que o impulsione a tornar-se verdadeiro.
Quão valiosas são as marcas em termos económicos e sociais?As marcas são consideradas como os criadores de riqueza mais sustentáveis e mais claramente poderosos do mundo. À medida que a "comoditização" avança, este poder de geração especial de produtos é cada vez menos impulsionado pela razão e cada vez mais pela emoção. A emoção é um recurso ilimitado com um poder assombroso. Quer a aborde económica, quer socialmente, quer por qualquer outra vertente, o potencial para um grande salto é o mesmo. Inspire o amor das pessoas e descobrirá que não existem limites.Do seu ponto de vista, de que forma é que as marcas devem ser geridas e o que lhes reserva o futuro?A gestão comanda e controla. E isso leva-nos a lugar nenhum muito rapidamente. Lembre-se das palavras de David Ogilvy: "O consumidor não é parvo. É a sua cara-metade. Tem de o ouvir, de lhe responder, de lhe tocar e de o inspirar. As marcas têm que colocar a gestão atrás e a inspiração à frente. Uma marca pode contar estrelas e manter-se quieta, ou pode tentar alcançá-las e chegar mais alto. A inspiração é emocional. A inspiração está relacionada com a acção. E gera resultados reais. O futuro está para além das marcas. O futuro são as "lovemarks". (extraído do PortalExecutivo.com)
Kevin Roberts é CEO da Saatchi & Saatchi a nível global, uma das organizações criativas líderes a nível mundial, com uma equipa de 7 mil pessoas espalhadas por 82 países. Os seus clientes incluem algumas das empresas com melhor performance do mundo, como a Procter & Gamble, a Toyota, a General Mills, a Visa international ou a Novartis.
Roberts iniciou a sua carreira como gestor de marca no final dos anos 60 na famosa casa de alta costura londrina de Mary Quant, tendo trabalhado posteriormente como executivo de marketing para a Gillette e para a Procter & Gamble na Europa e no Médio Oriente. Aos 32 anos, foi nomeado CEO da Pepsi-Cola no Médio Oriente, tornando-se mais tarde CEO da mesma empresa no Canadá.
Em 1989, mudou-se para Auckland, na Nova Zelândia, para assumir o cargo de CEO da Lion Nathan, na qual se manteve durante sete anos. Em 1997, foi convidado para liderar a Saatchi & Saatchi que, sob a sua batuta, apresentou resultados continuamente crescentes, ano após ano, tendo alcançado um sucesso excepcional no Festival Internacional de Publicidade de Cannes. Em 2003, a Saatchi & Saatchi foi nomeada como a Melhor Rede Global pelas publicações Ad Week e Ad Age.
Roberts é co-autor de "Peak Performance:Business Lessons from the World's Top Sporting Organizations". Em 2004 publicou o livro "Lovemarks:The Future Beyond Brands" (visite www.lovemarks.com), que mostra de que forma as emoções podem inspirar as empresas e as marcas a gerar valor sustentável. O conceito de "lovemarks" inspira, de forma determinante, a missão da Saatchi & Saatchi e Roberts tem corrido mundo a apresentar a sua visão particular do mundo das marcas. Kevin Roberts veste-se sempre de preto, é um admirador confesso de Steve Jobs, amigo pessoal de Tom Peters, adora rugby, gosta de trabalhar com jovens criativos, odeia a inveja e a palavra que mais utiliza é "ideias". (extraído do PortalExecutivo.com)
http://www.lovemarks.com/
Acredita realmente que vivemos numa era de transição para o "consumidor inspiracional"? Qual é a sua missão?A transição já terminou. Vivemos na República do Consumidor. E quem a preside é o Consumidor "inspiracional", que detém o seu controlo absoluto. Em casa, online, em viagem, na loja, as pessoas que amam uma marca possuem o poder de a fazer crescer exponencialmente. Os exemplos estão em todo o lado. Olhemos para os jogadores, designers, bloggers e vloggers – a auto-estrada da informação está a transformar-se numa auto-estrada da produção. Nos novos anúncios norte-americanos sobre baseball, os fãs são as estrelas. Para acompanhar o ritmo da Toyota, Detroit está a delegar o design aos "Consumidores Inspiracionais". Empresas líderes estão a optar pela inovação do mercado livre, extraindo o poder de ideias provenientes do exterior. A Procter & Gamble, por exemplo, um líder global, está a refinar a sua pesquisa e desenvolvimento para "ligar e desenvolver". A missão do "consumidor inspiracional"? Fazer do mundo um lugar melhor.
Afirmou que a ideia de que são os consumidores, e não as empresas, os proprietários das "lovemarks" é algo fundamental. De que forma é que uma empresa pode lidar com este tipo de afirmação?Não deve lidar com ela. Deve abraçá-la. Vivê-la. Mostrá-la. O amor não pode ser comandado. Tem de ser oferecido. Recordemo-nos da altura em que a Coca-Cola lançou a New Coke. O que aconteceu? As pessoas disseram, "Não é possível fazerem isto. A Coca-Cola é nossa! Não queremos saber se esta nova sabe melhor que a Pepsi; esta é a nossa marca. A Coca-cola pertence-nos a nós, e não a vocês. O que é que vocês, idiotas, estão a pensar?
No mundo extremamente competitivo em que vivemos, quais são os maiores problemas enfrentados por uma marca?O assassino em série das marcas é a "comoditização", a erosão das distinções, a imitação rápida da inovação e os standards elevados da performance de produtos. A resposta a esta dinâmica tem sido intensificada e têm sido efectuados esforços frenéticos para uma diferenciação e, quando tudo o resto falha, compra-se a concorrência. A "comoditização" está a sugar a vida das marcas. Hoje em dia os "snacks" são estaladiços, os carros "pegam" à primeira e a cerveja é gelada. Ou seja, as marcas precisam de criar lealdade para além da razão. Nos tempos bons, este atributo torná-las-á imparáveis. Em tempos difíceis, permitir-lhes-á manter a cabeça à tona de água – tomemos como exemplo Steve Jobs da Apple.
É defensor da ideia que o rejuvenescimento das marcas deve ser feito através do poder do amor e que a responsabilidade de um negócio é preencher umas das suas funções-chave: fazer do mundo um local melhor. Como a RSE [Responsabilidade Social das Empresas] é um conceito muito "na moda" na actualidade, o que devem as empresas fazer para preencher essa função em particular?A responsabilidade social das empresas (RSE) é apenas a linha de partida. Vivemos num mundo cada vez mais "encolhido". A acção responsável é monitorizada todos os dias por milhões de ligações computorizadas remotas. Se você não está a fazer o que é correcto, está fora do negócio. A RSE tem de ir muito mais além do que o mero retorno do investimento. Para fazer a diferença, para acelerar o caminho para as "lovemarks", é necessário um retorno do envolvimento. E isto diz respeito a mudar vidas, a transformar sonhos em realidade. A função de uma empresa é fazer do mundo um lugar melhor para toda a gente. Através do fornecimento de empregos, de escolhas, de oportunidades e, especialmente, de auto-estima. Acima de tudo, através do poder de ideias que possam mudar o mundo. Pode ser o projecto de Nicholas Negroponte de oferecer um computador a 100 dólares para os países em desenvolvimento. Ou o carro Prius amigo do ambiente da Toyota. Ou a transformação dos trabalhos domésticos em experiências fantásticas protagonizadas pela Procter & Gamble. O mantra da P&G diz tudo: toque as vidas; melhore o mundo. Não existe qualquer limite para o número de possibilidades que uma empresa tem ao seu dispor para fazer uma diferença positiva. O que interessa é o sonho e algo que o impulsione a tornar-se verdadeiro.
Quão valiosas são as marcas em termos económicos e sociais?As marcas são consideradas como os criadores de riqueza mais sustentáveis e mais claramente poderosos do mundo. À medida que a "comoditização" avança, este poder de geração especial de produtos é cada vez menos impulsionado pela razão e cada vez mais pela emoção. A emoção é um recurso ilimitado com um poder assombroso. Quer a aborde económica, quer socialmente, quer por qualquer outra vertente, o potencial para um grande salto é o mesmo. Inspire o amor das pessoas e descobrirá que não existem limites.Do seu ponto de vista, de que forma é que as marcas devem ser geridas e o que lhes reserva o futuro?A gestão comanda e controla. E isso leva-nos a lugar nenhum muito rapidamente. Lembre-se das palavras de David Ogilvy: "O consumidor não é parvo. É a sua cara-metade. Tem de o ouvir, de lhe responder, de lhe tocar e de o inspirar. As marcas têm que colocar a gestão atrás e a inspiração à frente. Uma marca pode contar estrelas e manter-se quieta, ou pode tentar alcançá-las e chegar mais alto. A inspiração é emocional. A inspiração está relacionada com a acção. E gera resultados reais. O futuro está para além das marcas. O futuro são as "lovemarks". (extraído do PortalExecutivo.com)
Kevin Roberts é CEO da Saatchi & Saatchi a nível global, uma das organizações criativas líderes a nível mundial, com uma equipa de 7 mil pessoas espalhadas por 82 países. Os seus clientes incluem algumas das empresas com melhor performance do mundo, como a Procter & Gamble, a Toyota, a General Mills, a Visa international ou a Novartis.
Roberts iniciou a sua carreira como gestor de marca no final dos anos 60 na famosa casa de alta costura londrina de Mary Quant, tendo trabalhado posteriormente como executivo de marketing para a Gillette e para a Procter & Gamble na Europa e no Médio Oriente. Aos 32 anos, foi nomeado CEO da Pepsi-Cola no Médio Oriente, tornando-se mais tarde CEO da mesma empresa no Canadá.
Em 1989, mudou-se para Auckland, na Nova Zelândia, para assumir o cargo de CEO da Lion Nathan, na qual se manteve durante sete anos. Em 1997, foi convidado para liderar a Saatchi & Saatchi que, sob a sua batuta, apresentou resultados continuamente crescentes, ano após ano, tendo alcançado um sucesso excepcional no Festival Internacional de Publicidade de Cannes. Em 2003, a Saatchi & Saatchi foi nomeada como a Melhor Rede Global pelas publicações Ad Week e Ad Age.
Roberts é co-autor de "Peak Performance:Business Lessons from the World's Top Sporting Organizations". Em 2004 publicou o livro "Lovemarks:The Future Beyond Brands" (visite www.lovemarks.com), que mostra de que forma as emoções podem inspirar as empresas e as marcas a gerar valor sustentável. O conceito de "lovemarks" inspira, de forma determinante, a missão da Saatchi & Saatchi e Roberts tem corrido mundo a apresentar a sua visão particular do mundo das marcas. Kevin Roberts veste-se sempre de preto, é um admirador confesso de Steve Jobs, amigo pessoal de Tom Peters, adora rugby, gosta de trabalhar com jovens criativos, odeia a inveja e a palavra que mais utiliza é "ideias". (extraído do PortalExecutivo.com)
http://www.lovemarks.com/
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
A força dos Bobos
A força dos Bobos - Dos EUA para a Europa (publicado em Novembro de 2000)
Foi publicado há poucas semanas atrás, nos Estados Unidos da América, o livro “Bobos in Paradise”, pelo conceituado jornalista David Brooks. Nele faz uma análise cómico-sociológica da nova elite estado-unidense, os Bobos.
Bobos, abreviatura de "Burgeois and Bohemian", procura retratar a emergência de um grupo social, dominante, de que George W. Bush ou Al-Gore tão bem personificam do ponto de vista político. São a nova elite americana que, ao contrário das outras que a antecederam, não assenta em laços sanguíneos (não obstante os candidatos Bobos, Bush e Al-Gore serem filhos da velha elite Protestante e Branca, hereditária e não meritocrática…) ou em "conexões" (por cá há que lhes chame de Fundações) mas no Mérito. Tipicamente são indivíduos dotados de inteligência superior e que graças a ela conseguiram entrar, como estudantes, nas mais famosas universidades. Daí catapultaram-se para as posições de topo, no mundo de negócios, nas academias, no jornalismo, nas artes e nas ciências.
Produto dos "loucos anos sessenta" conseguiram conciliar os valores típicos da contracultura hippie, mormente a autenticidade, a espontaneidade e a creatividade, com os valores típicos da burguesia, mormente a disciplina, e a ética de trabalho.
O trabalho é encarado como um prolongamento da sua própria personalidade e não espanta, por isso, que se lhe dediquem com entusiasmo inebriante, levando as empresas norte-americanas à liderança mundial, sector após sector.
Da religião apreciam os rituais e o sentido comunitário que esta propiciona, mas não os preceitos que chocam contra os seus valores de liberdade de escolha ou as suas crenças mais profundas (passagens sobre a única e verdadeira religião ou sobre o papel menor das mulheres, são, por exemplo, desprezadas).
Quanto à política manifestam aquilo que Edmund Burke (Inglaterra, século XVIII) ou Michael Oakshott (Inglaterra, século XX) chamam de Disposição Conservadora. Apesar de descenderem das correntes liberais americanas dos campus universitários (o equivalente em Portugal será a geração estudantil MRPP), manifestam-se arreigados às instituições sociais e políticas que conhecem e rejeitam grandiosos esquemas teóricos, nunca testados, de revolução social. Preferem a reforma por pequenos e experimentais passos. Politicamente deram origem à terceira via de Clinton ou Blair (de que Guterres e Aznar são os correspondentes peninsulares) ou, agora, ao Compassionate Conservatism de George W. Bush
Mas é nos seus hábitos de consumo que esta geração mais influencia a sociedade americana. Procuram, incessantemente, tudo o que é natural, vindo de sítios pouco alterados pela civilização moderna. Adoram produtos com texturas, rudes, simples mas muito caros. Percepcionam vulgar alguém gastar dinheiro num Mercedes mas muito saudável e natural fazê-lo num Jeep ou Land Rover. Também é vulgar gastar dinheiro em luxos mas não se importam de pagar fortunas por tudo aquilo que eram, até então, necessidades básicas. Bebem cafés especiais que custam seis vezes mais que o normal. Fazem da bebida do chá, de variedade exótica, um ritual mágico e religioso, como se tudo aquilo em que tocassem passasse de profano a religioso. Compram casas de férias nas regiões montanhosas. Adoram calçar botas de montanha mesmo em plena cidade e estão sempre preparados para a próxima tempestade de neve.
Vivem e trabalham em pequenas cidades, do litoral ao interior, tipicamente com uma Universidade como motor social a que se juntam empresas de software, padarias sofisticadas e lojas de vestuário e calçado (em que os produtos exibem profusamente etiquetas com palavras como Gore-Tex ou Teflon) para desportos radicais. As regiões onde se instalaram transformaram-se em líderes mundiais de actividades económicas em sectores tão diversos como a alimentação biológica, o software, os gelados de tipo artesanal, a edição livreira ou o treino desportivo de atletas de alta competição (Rosa Mota, relembre-se, passava longas temporadas em Boulder, uma cidade do interior profundo mas Bobo da América).
E a Beira Interior portuguesa, poderá capitalizar nesta tendência sociológica? Afinal Coimbra e Salamanca provaram, na idade média, que interioridade, economia do saber e prosperidade eram tudo elementos da mesma combinação.
Novas infraestruturas rodoviárias e ferroviárias e uma rede de banda larga de internet, acopladas ao saber das Universidade da Beira Interior e aos Institutos Politécnicos, uma vigorosa preservação da arquitectura tradicional, um aproveitamento decente do potencial paisagístico da região e uma política fiscal mais estimulante (voltaremos ao tema da fiscalidade como ferramenta do desenvolvimento regional num próxima número) poderão possibilitar à região aproveitar a vaga emergente dos Bobos portugueses (que começam a ter massa crítica económica em Lisboa e Porto). Que dezenas de Sortelhas, Monsantos, Linhares ou Termas de Monfortinho floresçam todo o ano!
Paulo Gonçalves Marcos
Economista, Gestor e Professor Universitário
Foi publicado há poucas semanas atrás, nos Estados Unidos da América, o livro “Bobos in Paradise”, pelo conceituado jornalista David Brooks. Nele faz uma análise cómico-sociológica da nova elite estado-unidense, os Bobos.
Bobos, abreviatura de "Burgeois and Bohemian", procura retratar a emergência de um grupo social, dominante, de que George W. Bush ou Al-Gore tão bem personificam do ponto de vista político. São a nova elite americana que, ao contrário das outras que a antecederam, não assenta em laços sanguíneos (não obstante os candidatos Bobos, Bush e Al-Gore serem filhos da velha elite Protestante e Branca, hereditária e não meritocrática…) ou em "conexões" (por cá há que lhes chame de Fundações) mas no Mérito. Tipicamente são indivíduos dotados de inteligência superior e que graças a ela conseguiram entrar, como estudantes, nas mais famosas universidades. Daí catapultaram-se para as posições de topo, no mundo de negócios, nas academias, no jornalismo, nas artes e nas ciências.
Produto dos "loucos anos sessenta" conseguiram conciliar os valores típicos da contracultura hippie, mormente a autenticidade, a espontaneidade e a creatividade, com os valores típicos da burguesia, mormente a disciplina, e a ética de trabalho.
O trabalho é encarado como um prolongamento da sua própria personalidade e não espanta, por isso, que se lhe dediquem com entusiasmo inebriante, levando as empresas norte-americanas à liderança mundial, sector após sector.
Da religião apreciam os rituais e o sentido comunitário que esta propiciona, mas não os preceitos que chocam contra os seus valores de liberdade de escolha ou as suas crenças mais profundas (passagens sobre a única e verdadeira religião ou sobre o papel menor das mulheres, são, por exemplo, desprezadas).
Quanto à política manifestam aquilo que Edmund Burke (Inglaterra, século XVIII) ou Michael Oakshott (Inglaterra, século XX) chamam de Disposição Conservadora. Apesar de descenderem das correntes liberais americanas dos campus universitários (o equivalente em Portugal será a geração estudantil MRPP), manifestam-se arreigados às instituições sociais e políticas que conhecem e rejeitam grandiosos esquemas teóricos, nunca testados, de revolução social. Preferem a reforma por pequenos e experimentais passos. Politicamente deram origem à terceira via de Clinton ou Blair (de que Guterres e Aznar são os correspondentes peninsulares) ou, agora, ao Compassionate Conservatism de George W. Bush
Mas é nos seus hábitos de consumo que esta geração mais influencia a sociedade americana. Procuram, incessantemente, tudo o que é natural, vindo de sítios pouco alterados pela civilização moderna. Adoram produtos com texturas, rudes, simples mas muito caros. Percepcionam vulgar alguém gastar dinheiro num Mercedes mas muito saudável e natural fazê-lo num Jeep ou Land Rover. Também é vulgar gastar dinheiro em luxos mas não se importam de pagar fortunas por tudo aquilo que eram, até então, necessidades básicas. Bebem cafés especiais que custam seis vezes mais que o normal. Fazem da bebida do chá, de variedade exótica, um ritual mágico e religioso, como se tudo aquilo em que tocassem passasse de profano a religioso. Compram casas de férias nas regiões montanhosas. Adoram calçar botas de montanha mesmo em plena cidade e estão sempre preparados para a próxima tempestade de neve.
Vivem e trabalham em pequenas cidades, do litoral ao interior, tipicamente com uma Universidade como motor social a que se juntam empresas de software, padarias sofisticadas e lojas de vestuário e calçado (em que os produtos exibem profusamente etiquetas com palavras como Gore-Tex ou Teflon) para desportos radicais. As regiões onde se instalaram transformaram-se em líderes mundiais de actividades económicas em sectores tão diversos como a alimentação biológica, o software, os gelados de tipo artesanal, a edição livreira ou o treino desportivo de atletas de alta competição (Rosa Mota, relembre-se, passava longas temporadas em Boulder, uma cidade do interior profundo mas Bobo da América).
E a Beira Interior portuguesa, poderá capitalizar nesta tendência sociológica? Afinal Coimbra e Salamanca provaram, na idade média, que interioridade, economia do saber e prosperidade eram tudo elementos da mesma combinação.
Novas infraestruturas rodoviárias e ferroviárias e uma rede de banda larga de internet, acopladas ao saber das Universidade da Beira Interior e aos Institutos Politécnicos, uma vigorosa preservação da arquitectura tradicional, um aproveitamento decente do potencial paisagístico da região e uma política fiscal mais estimulante (voltaremos ao tema da fiscalidade como ferramenta do desenvolvimento regional num próxima número) poderão possibilitar à região aproveitar a vaga emergente dos Bobos portugueses (que começam a ter massa crítica económica em Lisboa e Porto). Que dezenas de Sortelhas, Monsantos, Linhares ou Termas de Monfortinho floresçam todo o ano!
Paulo Gonçalves Marcos
Economista, Gestor e Professor Universitário
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
Pateira: nova colunista
Extraímos do blogue Pateira (www.pateira.blogspot.com) a seguinte notícia:
"Carla Miranda no Pateira
Não é só o Expresso que se renova com a contratação de alguns comentadores especializados da praça. O Pateira tem o prazer de vos anunciar que, amanhã, publicará a primeira crónica de Carla Miranda, PhD in Sexologia.Carla Miranda, natural de Dicksonville, Arkansas, é descendente de portugueses de Rio Meão e é actualmente Faculty Member do AIS - Anchorage Institute of Sexology - na qualidade de Associate Professor of Sexology Practice.Carla Miranda é autora de vários bestsellers entre os quais destacamos "Sex and Tenis" em parceria com Martina Navratilova e "Women's Monoparental Guidance" com Lewinsky-Monica-M, para além de vários papers publicados no prestigiado Journal of Sex Research.Foi membro do Sex Advisory Board da Administração Clinton (2º mandato), é conselheira para a Society for Woman Sexuality e é regular colaboradora em diversos organismos governamentais da República da Tchechénia e do Burkina-Fasso.Revolucionou o estado da arte com a apresentação de duas elaboradas teorias: "Hyenas do it One Time a Year, so Why The Laugh? A Theoretical Insight" e "The Pilgrim's Cane: a New Sex Approach". "
"Carla Miranda no Pateira
Não é só o Expresso que se renova com a contratação de alguns comentadores especializados da praça. O Pateira tem o prazer de vos anunciar que, amanhã, publicará a primeira crónica de Carla Miranda, PhD in Sexologia.Carla Miranda, natural de Dicksonville, Arkansas, é descendente de portugueses de Rio Meão e é actualmente Faculty Member do AIS - Anchorage Institute of Sexology - na qualidade de Associate Professor of Sexology Practice.Carla Miranda é autora de vários bestsellers entre os quais destacamos "Sex and Tenis" em parceria com Martina Navratilova e "Women's Monoparental Guidance" com Lewinsky-Monica-M, para além de vários papers publicados no prestigiado Journal of Sex Research.Foi membro do Sex Advisory Board da Administração Clinton (2º mandato), é conselheira para a Society for Woman Sexuality e é regular colaboradora em diversos organismos governamentais da República da Tchechénia e do Burkina-Fasso.Revolucionou o estado da arte com a apresentação de duas elaboradas teorias: "Hyenas do it One Time a Year, so Why The Laugh? A Theoretical Insight" e "The Pilgrim's Cane: a New Sex Approach". "
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